HOME OFFICE E SEUS IMPACTOS.
- Mario Broggio
- 18 de ago. de 2020
- 4 min de leitura
Atualizado: 25 de set. de 2024

No último artigo analisamos sob uma abordagem jurídica/técnica o home office, tentando explicar de maneira clara e simples as dúvidas mais comuns sobre os direitos e deveres.
Porém, agora faremos de uma forma um pouco diferente, pois abordaremos o home office de uma maneira mais opinativa, de quais serão os seus impactos e repercussões nas rotinas empresariais, mas isso é claro, na visão deste autor.
O teletrabalho ou o trabalho de casa traz uma implicação simples: agora a residência do empregado é seu local de trabalho.
Logo, logicamente todas as preocupações que a empresa possuía de bem estar são transferidas para o novo local de trabalho (a casa do empregado).
Mas aposto que o pensamento é: como assim? E explico. Como você se senta na frente do computador quando está em casa? Você se senta de maneira ereta e correta, observando a postura da coluna, ombros e assim por diante?
Aliás, aposto que nesta pergunta, você deve ter se imaginado todo torto naquela cadeira provavelmente desconfortável, passando horas naquela posição. Isto, é claro, se você possui esta estrutura mínima e não trabalha na cama ou sofá.
Também importante que quando estamos em casa, não há preocupações na forma que sentamos, se estamos tortos com pés quase abraçando o computador ou notebook.
E como fica a ergonomia? Isso poderia causar alguma doença ocupacional?
Pois é, se a empresa não se preocupar ou começar a fiscalizar (de alguma forma), teremos um crescimento de doenças ocupacionais por força de posturas incorretas, que certamente poderão ser consideradas como do trabalho.
Algumas empresas atualmente já estão se preparando para isto, sendo que fornecem o mobiliário ou até mesmo dinheiro para que seus empregados possam comprar boas cadeiras e móveis. O importante nisso tudo é auditar e fiscalizar onde este dinheiro é gasto, afinal, o trabalhador deve fiscalizar e garantir a saúde do empregado.
Outro ponto relevante é a performance do trabalhador que poderá impactar na sua produtividade ou na criação de síndromes como a Burnout.
Home office é uma questão de cultura, e muitas pessoas podem não ter a disciplina necessária de não se distrair com quaisquer coisas dentro de sua casa, impactando na sua produtividade e entrega, e consequentemente, causando alguma punição ou demissão.
Já a Síndrome de Burnout é algo um pouco mais complicado, pois está relacionada a dedicação exclusiva do empregado ao trabalho que não consegue sair do hiperfoco.
Quando estamos no ambiente de trabalho, temos a interação humana para distração, o famoso cafezinho, momento em que podemos sair do foco do trabalho e pensar em outra coisa. Aquele momento que lembramos que temos que ir ao banheiro, beber água ou outra coisa e até acabamos conversando com alguém no caminho.
A distração é essencial para a manutenção da saúde mental e sair um pouco do estresse, o que não acontece quando o trabalho é desenvolvido em casa.
Pense em seu meio e pergunte para quem está de home office se elas não possuem a sensação de estar trabalhando mais, apesar de estarem em casa.
Isto acontece justamente pela ausência de interação social e saída da frente do computador para esticar as pernas. Logo, a estafa provocada pelo trabalho excessivo pode aumentar este tipo de doenças, sem mencionar no ambiente de ansiedade provocado pela pandemia.
Novos hábitos e tecnologias ditam novas regras, que por sua vez estabelecem normas formas de se relacionar e de se comunicar.
O e-mail cada dia mais se torna uma ferramenta corporativa acessória (quase que obsoleta) e o WhatsApp ganha cada vez mais espaço.
Quer uma prova: quantas vezes você olha seu e-mail e quantas vezes você olha seu WhatsApp? Quantas reuniões ou compromissos são agendados por WhatsApp? Quantos negócios, compromissos ou qualquer coisa acontecem no ou pelo WhatsApp?
Aliás, você já foi aquela pessoa que mandou mensagem no WhatsApp dizendo: “Olha teu e-mail, por favor?”
Novas ferramentas, novas regras, novas relações, e novos direitos e repercussões jurídicas.
Agora tudo isto no ambiente de sua casa, sendo fácil perder o limite de quando o trabalho começa e termina.
As limitações da jornada de trabalho são problemas constantes enfrentados pelas empresas, em especial, para pagar ou não horas extras.
Importante que a cultura do home office é algo novo e ainda merece e deverá ter muita maturação e desenvolvimento.
A implementação de novas ferramentas e forma de controle do ambiente de trabalho (agora casa do empregado) deverá ser sempre de maneira a preservar sua intimidade e integridade física.
Hoje a tecnologia e formas de comunicação são evidentemente mais baratas e acessíveis, facilitando o desenvolvimento do home office, que proporciona, apesar dos pontos acima, mais economia e eficiência dos recursos da empresa que agora conta com mais espaço.
Veja que antes tínhamos salas individuais e próprias, em seguida áreas abertas e compartilhadas e por fim, a migração do local do trabalho.
O home office é uma oportunidade de empregar inovação para tornar os recursos mais eficazes e eficientes, diminuindo gastos, empreendendo e transformando a forma e modelo de negócio.
A empresa é uma entidade viva que cresce e amadurece, além de se adaptar e confrontar seu modelo de negócio a fim de torná-lo cada vez mais diferenciado.
Pois bem, a hora é de arregaçar as mangas e buscar inovação, adaptando com responsabilidade as novas tendências e tecnologias, afinal, quem planejou o ano pensando que seu negócio somente poderia dar errado caso ocorresse uma pandemia, pois é, agora é o momento de superação!
Mario Afonso Broggio
Advogado e Consultor
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